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''Dilma vai à ponta do abismo e não salta'', diz José Arthur Giannotti

Para o filósofo, tendência é de ''acordão'' entre governo e PMDB para afastar impeachment e limitar alcance da Lava Jato

Agência da Noticia com Blog

30/03/2015 - 16:15

 “A tendência é por um acordão. Se botar todo mundo na cadeia, o legislativo para de legislar, as empreiteiras param de funcionar e o salto pra frente de desenvolvimento, com obras de infraestrutura, não acontece”, disse o filósofo em entrevista ao iG. Ele diagnostica que as instituições padecem de uma “anemia geral” e prevê uma saída sem rupturas da crise, bem ao jeitinho brasileiro.

“A Dilma, teimosa, vai à ponta do abismo, mas não salta. E ela está fazendo o que? Se reaproximando do Lula _ com quem estava rompida _ e juntando-se ao PMDB. Provavelmente teremos um novo governo Sarney (José Sarney/1985-1990). Estamos fadados a mais quatro anos de pasmaceira”, prevê.

O cenário de um impeachment, segundo Giannotti, seria o pior dos mundos para a oposição: o vice-presidente, Michel Temer, não teria condições de “segurar” a crise, o governo passaria para as mãos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que em três meses seria obrigado a marcar uma nova eleição.

“O Lula seria o grande beneficiário do impeachment e poderia vencer a eleição, ele ou alguém da esquerda”, afirma. O filósofo frisa que o ex-presidente ainda tem força e ficou praticamente à margem das críticas que partiram da megamanifestação de 15 de março em São Paulo. “Você viu Fora Dilma, Fora PT, mas não Fora Lula”, observou.

Segundo o filósofo, há mais uma questão importante envolvida no grande acordo político em curso, o acordão, que ele chamou de “trama lamacenta”: a restrição da Operação Lava Jato a seus efeitos judiciais e não mais como uma espécie de cruzada de depuração na política cujo alcance não deverá ir além dos grupos políticos conhecidos e nem produzirá abalo no sistema.

“A Lava Jato é fundamental, tende a avançar, mas na hora em que começar a julgar e as denúncias forem para a CPI, o acordão vai pegá-la, vai absorvê-la. Não creio que possamos ter no Brasil uma operação como foi a Mão Limpas, na Itália”, disse. Cético quanto a possibilidade de abalos no sistema político atual, diz que não vê motivos para rupturas.

“Eu não creio em impeachment. É um processo que pede base jurídica e política. Base jurídica dificilmente vai haver e mesmo havendo, a menos que tenhamos uma corrosão social, esse Congresso não vai votar impeachment”, diz, taxativo.

Giannotti disse que ficou assustado com a análise apressada de acadêmicos que, sem dados mínimos, pintaram a manifestação de 15 de março, na Avenida Paulista, como uma nova Marcha da Família e de características fascistas ou revolucionárias. Para ele, as manifestações têm motivações simples: quem protestou na sexta 13 (CUT, MST e UNE) pediu “não mexam nos nossos benefícios” e os que foram no domingo (universitários, na maioria) querem reforma política para serem representados. Os protestos, segundo ele, deveriam “empurrar pra frente” o sistema político, mas este, desgastado, só consegue reagir de forma aleatória e vagarosa, levando com a barriga.
 
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