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Ex-secretário recebeu propina em estacionamento de prédio

Pedro Elias recebeu valor em propina, a mando do ex-governador Silval Barbosa, diz Ministério Público

Agência da Notícia com Mídia News

28/04/2016 - 14:26

 O empresário Willians Paulo Mischur, proprietário da empresa Consignum, repassou R$ 600 mil ao ex-secretário de Estado de Administração, Pedro Elias, a mando do ex-governador Silval Barbosa (PMDB).

O valor foi entregue em espécie, dentro de sacos plásticos, no estacionamento do prédio em que o empresário mora, no bairro Santa Rosa, em Cuiabá.

A afirmação é do Ministério Público Estadual (MPE) com base nos depoimentos do ex-secretário Pedro Elias e do empresário Willians Mischur, que foram presos em outras fases da Operação Sodoma, da Delegacia Fazendária (Defaz).

As declarações colaboraram para a continuação da terceira fase da operação, nesta segunda-feira (25), que culminou na prisão do filho do ex-governador, Rodrigo Barbosa.
Segundo Pedro Elias, no encontro com Silval também foi ajustado o pagamento de R$ 900 mil para quitar os meses sem pagamento. Reduzindo o valor mensal da propina para R$ 450 mil ao mês

Conforme as acusações do MPE, o dono da Consignum era obrigado a pagar propina mensal de R$ 500 mil para que sua empresa continuasse tendo contrato de prestação de serviço com o Governo do Estado.

A Consignum atuava no controle da margem de empréstimos consignados de servidores públicos do Estado, desde o ano de 2008.

De acordo com Pedro Elias, os R$ 600 mil repassados por Mischur eram referentes a uma dívida acumulada pelo empresário com o grupo político do ex-governador.

Tal dívida teria sido acumulada em um período de dois meses, quando o empresário deixou de pagar a propina, pois não sabia para quem o dinheiro deveria ser repassado, uma vez que Pedro Elias e o seu antecessor na Secretaria de Administração, César Zílio, disputavam a função de "fiscal de propina" do contrato da Consignum.

“Informou que Pedro Elias ao assumir o cargo de Secretário Adjunto, o chamou em seu gabinete na SAD/MT e o informou que, conforme determinação do governador Silval, a partir daquela data os pagamentos deveriam ser realizados diretamente a ele e, que tinha conhecimento de qual era o valor pago mensalmente”, diz trecho da denúncia.

Ainda na denúncia do MPE, em certa data, Pedro Elias e Mischur afirmaram que foram até a casa de Silval, localizada em um prédio no bairro Jardim das Américas, na Capital. Neste encontro, o ex-governador teria dito ao empresário que os pagamentos da propina deveriam ser repassados a Pedro Elias.

Na mesma reunião, segundo Pedro Elias, Silval teria determinado que Mischur pagasse R$ 900 mil pelos dois meses em que deixou de pagar a propina.

Pagamento da dívida

Conforme os depoimentos do ex-secretário Pedro Elias, dias após a reunião com o ex-governador Silval Barbosa, Willians Mischur ligou afirmando que só teria conseguido levantar R$ 600 mil para o pagamento da dívida de propina.

O recebimento deste valor, segundo o ex-secretário, foi autorizado por Silval, que ainda determinou que Pedro Elias ficasse com parte do valor pago, no total de R$ 100 mil.

O pagamento ocorreu na mesma noite, em dinheiro, que foi entregue em sacolas com a logomarca da empresa Caixa Construções, na qual Mischur foi sócio.

“Assim naquele mesmo dia, ao escurecer, Pedro Elias se dirigiu ao prédio onde reside Willians e, seguindo orientações, entrou com o seu veículo na garagem, estacionando ao lado do veículo do empresário. Em seguida Willians que já o esperava, retirou do interior do automóvel, 03 ou 04 sacolas, todas com o logotipo da empresa CX Construções, nas quais acondicionava a referida importância”, diz outro trecho da denúncia.

Pedro Elias também afirmou que, no mesmo dia em que recebeu o pagamento, retirou a sua parte do montante e entregou o restante ao então chefe de gabinete de Silval, Silvio César Correa Araújo, “em local que haviam previamente ajustado, ao lado do Palácio Paiaguás”.

Termo de cooperação

Segundo o MPE, após a dívida ser paga, o Governo do Estado firmou termo de cooperação técnica com a empresa Consignum, de Willians Mischur.

“Interessante destacar que, superado o noticiado impasse e regularizado em parte do pagamento da propina, foi firmado termo de Cooperação Técnica entre a SAD/MT e a empresa Consignum, com validade para 24 (vinte e quatro) meses, publicado no DOE/MT do dia 17/02/2014, contrato firmado por José Cordeiro, vide fls. 259/272 dos autos complementares. Veja que os atos da Administração Pública eram pautados exclusivamente nos ajustes e interesses da Organização Criminosa”, concluiu a denúncia do MPE-MT.
 
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