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Fim de ciclos ideológicos

Agência da Notícia com Redação

03/04/2017 - 15:20

 Talvez nunca se tenha falado tanto em ideologias no Brasil como se falou desde o nascimento do Partido dos Trabalhadores em 1981. É preciso um resgate breve pra compreendermos o momento que hoje estamos vivendo.

Em 1964 ma tomada do poder pelos militares brasileiros vigorava no país uma esquerda nascente comandada pela cabeça de dois líderes da época: o presidente João Goulart e Leonel Brizola. Ambos polarizavam outros líderes de boa envergadura. O senso de esquerda então era muito influenciado pelo socialismo soviético, vigente na Rússia e nos seus países anexos. Aquele socialismo não cabia no figurino patriarcal-católico-conservador brasileiro. Até porque no discurso da esquerda de então, não havia consistência de uma transformação clara e oportuna pra um país rural como era o Brasil em 1964.

Os militares que naquele momento representavam a direita brasileira sempre foram nacionalistas, tinham ideal nacionalista e nunca foram direitistas. Apoiados por todos os demais setores da sociedade, especialmente os setores do capital e a Igreja Católica, tomaram o poder de um presidente confuso chamado João Goulart. Uma vez no poder assumiram postura direitista e governaram 21 anos até 1985 mantendo o discurso conservador.

Na transição para o poder civil em 1985, enfrentavam oposição de uma esquerda extremamente confusa e sem identidade. Representada no Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB, a oposição reunia todas as vertentes contrárias aos militares. Aí se incluía o Partido dos Trabalhadores, fundado em 1981, com o apoio do próprio governo militar, da Igreja Católica e de setores acadêmicos. Usaram os sindicatos existentes como plataforma de lançamento. Os militares temiam a volta de João Goulart e de Brizola do exílio e sua eventual capacidade de criar uma onda de oposição aos militares. Goulart morreu antes e Brizola foi destituido pelos militares como herdeiro do velho Partido Trabalhista Brasileiro - PTB, de Getúlio Vargas como uma nova plataforma de esquerda brasileira. Mesmo assim Brizola deu muito trabalho aos militares e à esquerda brasileira.

O Partido dos Trabalhadores veio ganhar força depois que o PMDB foi governo com José Sarney e fracassou, a centro-esquerda do PSDB com Fernando Henrique Cardoso deu certo e abriu caminho pra esquerda com Luis Inácio Lula. Nenhum, nem os militares, conseguiram implantar um circuito ideológico permanente no Brasil.

Hoje vivemos um vácuo ideológico onde a cidadania poderá ou não ditar um rumo sustentável à política brasileira. Nem partidos, nem políticos, mas uma nova ordem social. Isso leva tempo pra se construir. Mas pode ser permanente.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@onofreribeiro.com.br
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