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Quinta-feira, 28 de março de 2024
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''Por que a palavra do promotor é verdadeira e a minha não?''

Governador reafirmou que não tinha conhecimento de conteúdo da denúncia sobre escutas

O governador Pedro Taques (PSDB) reiterou, nesta quinta-feira (13), que nunca teve conhecimento sobre a denúncia dando conta de uma suposta rede de escutas telefônicas clandestinas operada pela Polícia Militar e ainda colocou em xeque o conteúdo da suposta denúncia formulada pelo promotor de Justiça Mauro Zaque em relação ao esquema.
 
“Não sei o que ele [Mauro Zaque] protocolou. Por que a palavra dele é verdadeira e a minha não? Você sabe o que ele protocolou? Isso será demonstrado [pela investigação]”, afirmou o governador, durante vistoria às obras de duplicação da avenida Filinto Müller, em Várzea Grande.
 
A declaração foi dada um dia após a divulgação do resultado de uma auditoria da Corregedoria Geral do Estado (CGE) que comprova que houve fraude no sistema de protocolo do Governo do Estado, no caso do esquema dos grampos.
 
Não sei o que ele (Mauro Zaque) protocolou. Porque a palavra dele é verdadeira e a minha não? Você sabe o que ele protocolou? Isso será demonstrado
O protocolo do Paiaguás suprimiu a denúncia feita pelo promotor a respeito do esquema, surgindo em seu lugar outro documento sem relação com o caso.
 
O governador garante que não recebeu qualquer documento relatando os grampos.
 
A denúncia de Zaque aponta que a Polícia Militar grampeou, com autorização judicial, mais de 200 pessoas que não eram suspeitas de crimes, em 2014 e 2015. Os alvos foram políticos, jornalistas, advogados, médicos, entre outros.
 
Por ora, o governador preferiu não afirmar se há uma fragilidade no sistema de protocolo do Governo.
 
Segundo ele, é preciso aguardar o resultado de outra auditoria que está sendo realizada pelo secretário de Estado de Segurança Pública, Rogers Jarbas.
 
“Determinei duas formas de auditoria: à Casa Civil, que determinou à CGE, e determinei ao secretário de Segurança [Roger Jarbas] que também investigue. A hora que chegar a conclusão eu vou poder responder a essa pergunta”, disse Taques, ao ser questionado sobre a suposta fragilidade.
 
“Eu disse que houve fraude nos protocolos, mostrei os dois documentos. A investigação vai comprovar quem fez”, afirmou.
 
Representação
 
Na época em que os grampos foram denunciados, o governador chegou a entrar com representação contra Mauro Zaque no Ministério Público do Estado, no Conselho Nacional do Ministério Público e na própria Procuradoria Geral da República, acusando-o de ter fraudado o documento público alvo da polêmica.
 
“Entrei com a representação porque ele me representou. O documento não chegou a mim. Ele me representou dizendo que chegou a mim. Ele vai ser investigado pelo fato de passar tanto tempo sem dar notícia”, concluiu Taques, referindo-se ao fato de o promotor Mauro Zaque ter relato o suposto esquema ao governador ainda em 2015 e ter formalizado a denúncia somente no início deste ano.
 
Fraude em protocolo
 
Conforme a auditoria da CGE, o ofício do promotor Mauro Zaque denunciado as escutas ilegais foi protocolado na Casa Civil com o número 542635/2015, às 10h26, do dia 14 de outubro de 2015, e a descrição do documento foi feita no minuto seguinte. Às 10h28, o processo tramitou da Pasta para o gabinete do governador.
 
Porém, no mesmo dia, às 14h56, o ofício foi cancelado do sistema. Às 15h02, é atualizado e sua descrição modificada para um pedido de obras do Legislativo do Município de Juara.
 
A auditoria mostrou que a solicitação da Câmara daquele Município foi feita, de fato, mas semanas antes: especificamente, no dia 24 de setembro de 2015.
 
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