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Sexta-feira, 29 de março de 2024
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Empresa alvo do MPE transferiu R$ 100 mil para filho de Silval

Seligel foi citada em relatório de quebra de sigilo bancário de Rodrigo Barbosa

 

Relatório elaborado pela Delegacia Fazendária (Defaz) sobre as quebras de sigilo bancário dos réus da 2ª e 3ª fase da Operação Sodoma mostrou que o médico e empresário Rodrigo Barbosa, filho do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), recebeu uma transferência de R$ 100 mil da empresa Elza Ferreira dos Santos (Seligel).

 

A transferência foi realizada no dia 7 de abril de 2015. No documento, a Defaz relata que a empresa citada é investigada pelo Ministério Público Estadual (MPE) e teria recebido R$ 19 milhões já nos primeiros meses da gestão do peemedebista.

 

Conforme levantamento feito pelo MidiaNews, com base em dados do Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças de Mato Grosso (Fiplan), a Seligel recebeu um total de R$ 72,1 milhões do Governo do Estado, na gestão de Silval, de 2010 a 2014.

 

A Seligel, de acordo com os contratos consultados, é especializada em serviços de limpeza.

 

A investigação do MPE contra a empresa é relativa aos contratos firmados na gestão de Silval com a Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas), então comandada pela ex-primeira-dama Roseli Barbosa, mãe do médico.

 

Rodrigo e Silval são réus da ação penal que apura um suposto esquema envolvendo exigência de propina de empresários para a manutenção dos contratos com o Estado.

 

Silval, que é réu confesso, admitiu ter recebido mais de R$ 10 milhões em propina do empresário Willians Mischur, da Consignum.

 

Ele também disse que o próprio Rodrigo recebeu repasses de propina de algumas empresas - uma delas, a Webtech -, que pertence ao empresário Julio Tisuji, um dos delatores da operação.

 

Veja fac-símile de trecho do relatório:

 

 

 

Superfaturamento

 

No mês passado, a Seligel – que é responsável pela gestão do Lar da Criança, em Cuiabá -  foi condenada administrativamente pela Secretaria de Estado de Gestão (Seges).

 

Com a decisão, a empresa deixará de receber R$ 1,7 milhão, em razão de sobrepreço no contrato.

 

O valor total era de R$ 5,2 milhões, por seis meses de gestão. O procedimento, que poupou quase R$ 2 milhões, teve origem em auditoria que apontou irregularidades no contrato firmado com o Governo do Estado.

 

A decisão que aplicou a sanção foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) no dia 24 de maio de 2017, como resultado do processo administrativo instaurado pela portaria 37/GAB/SAD, de 16 de maio de 2014.

 

Nela também foi determinada a instauração de processo administrativo disciplinar para apurar a responsabilidade do servidor responsável pelo contrato.

 

Sodoma 2 e 3

 

Segundo a denúncia, o grupo era dividido em várias ramificações, e cada uma das ramificações possuía graus hierárquicos. Silval Barbosa é apontado como o líder da organização, "responsável por articular e coordenar as ações dos demais integrantes".

 

O grupo atuaria exigindo pagamento de propina para conceder incentivos fiscais e para manter contratos de empresas com o Governo do Estado.

 

Na divisão secundária figuram os ex-secretários de Estado Pedro Nadaf, Marcel de Cursi, Cézar Zílio e Pedro Elias; o ex-secretário adjunto de Administração, coronel José Jesus Nunes Cordeiro; o ex-chefe de gabinete de Silval, Sílvio Cézar Correa Araújo; o ex-procurador do Estado Chico Lima; a ex-secretária de Nadaf na Fecomércio, Karla Cintra; e o filho de Silval, o médico e empresário Rodrigo Barbosa.

 

“Os indícios apontam que a organização criminosa atuou de forma perene durante toda a gestão de Silval Barbosa, provocando prejuízo a toda a população mato-grossense, que até hoje arca com as consequências das ações criminosas de seus membros, frente ao sucateamento da máquina administrativa, ausência de investimento em infraestrutura, na saúde, segurança e educação pública, etc”, diz trecho da denúncia.

 

Já o ex-deputado José Riva foi denunciado após o depoimento do empresário Paulo Mischur, da empresa Consignum, alvo da 2ª fase da Sodoma.

 

Mischur relatou que pagou R$ 17,6 milhões ao grupo liderado por Silval e a José Riva para manter o contrato que tinha com o Estado.

 

O ajuste da propina, conforme a ação, teria sido feito com a ajuda do empresário Tiago Dorileo, que também é alvo da Operação Ararath.

 

O grupo também teria exigido R$ 1 milhão do ex-funcionário da empresa Zetra Soft, Fábio Drumond, para que a empresa passasse a gerenciar os empréstimos consignados dos servidores – tarefa então feita pela Consignum.

 

A tratativa, no entanto, acabou não sendo efetivada e o contrato – assim como as supostas propinas pagas para mantê-lo – continuou com a empresa de Mischur.

 

Também foi denunciado o servidor Bruno Sampaio Saldanha, que atualmente está no Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

 

Ele teria exigido propina para fazer “vistas grossas” ao contrato do empresário Julio Tisuji, da empresa Webtech, que também confessou ter pago valores ao grupo.

 

Quanto ao prefeito cassado de Várzea Grande, Walace Guimarães, consta na denúncia que ele ofereceu R$ 1 milhão, em 2012, ao então secretário de Administração, César Zílio, para que o poder público pagasse valores a gráficas – por serviços inexistentes ou incompletos - no intuito de levantar dinheiro para pagar custos de campanha.

 

Entre as gráficas estavam as de propriedade dos empresários Antonio Roni de Luz e Evandro Gustavo Pontes da Silva, igualmente denunciados.

 

 
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