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Sexta-feira, 29 de março de 2024
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Mauro defende dinâmica governamental de Bolsonaro e cobra “dados reais” sobre desmatamento

Mato Grosso está “no olho do furacão”, na avaliação do governador Mauro Mendes (DEM), da principal polêmica criada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) nas últimas semanas e que resultou na suspensão do envio de mais de R$ 280 milhões para o Fundo Amazônia. Mas, apesar dos impactos negativos, o chefe do Executivo mato-grossense saiu em defesa do que classificou como “novas formas de se relacionar com os mercados e com os políticos” do Governo Federal, e cobrou que os dados divulgados sobre o avanço do desmatamento no país sejam reais.

Nesta segunda-feira (19), o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, do qual Mato Grosso faz parte, divulgou nota lamentando a suspensão dos recursos. A nota, subscrita por Mauro Mendes, não critica abertamente o Governo, mas destaca a posição para os governadores, a partir de agora, dialogarem diretamente com os países financiadores do Fundo Amazônia, sem a intervenção de Bolsonaro.

“Nós temos que trabalhar com dados e com a verdade. A verdade nunca é ruim para ninguém. Se nós queremos uma democracia e um país sério, nós temos que trabalhar com dados reais. Temos que separar, em primeiro lugar, o que é desmatamento autorizado e legal, daquilo que é ilegal. O estado de Mato Grosso, eu deixo isso muito claro, todo e qualquer desmatamento previsto e autorizado pela legislação brasileira será autorizado. Iremos combater duramente os ilegais. O Governo Federal tem sua dinâmica e não cabe a mim fazer questionamentos. Eu vejo que ele [Bolsonaro] ta num momento de buscar construir novas formas de se relacionar com os mercados, com os políticos. É um Governo diferente, foi escolhido pela sociedade e tem uma lógica um pouco diferente. Nós temos que respeitar isso”, declarou Mauro Mendes.

A crise entre o Brasil e os governos da Alemanha e da Noruega se agravou na semana passada, após o anúncio, dos dois países, da suspensão do envio de recursos do Fundo Amazônia, que financia projetos de proteção da biodiversidade e da floresta brasileira.

Tudo começou quando Bolsonaro condenou dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com alertas de desmatamento que revelaram um aumento de 88% em junho e 212% em julho. O presidente afirmou que os números haviam sido manipulados e demitiu o diretor do Instituto, Ricardo Galvão.

Em seguida, o Ministério do Meio Ambiente da Alemanha decidiu suspender o repasse de R$ 155 milhões para o Brasil, em razão do forte aumento do desmatamento na Amazônia. O valor bloqueado pela Noruega foi de R$ 132,6 milhões.

O presidente brasileiro, então, reagiu e sugeriu que os dois países utilizem os recursos para preservar suas próprias florestas.

Consórcio de Governadores

O Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é responsável por captar doações para investimentos não reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, e de promoção da conservação e do uso sustentável das florestas no Bioma Amazônia.

O fundo foi criado em 2008 e já captou R$ 3 bilhões em doações que financiaram projetos de estados, municípios e da iniciativa privada para o desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal. A Noruega e a Alemanha contribuem juntas com mais de 90% do total dos recursos.

Na semana passada, por exemplo, o Governo de Mato Grosso lançou uma nova ferramenta capaz de monitorar em tempo real e com imagens em alta resolução qualquer tipo de desmatamento que venha acontecer no Estado. Avaliado em cerca de R$ 5 milhões, o sistema é uma iniciativa do Programa REED+ For Early Movers (REM), que premia países que apresentam resultados positivos na conservação de suas florestas, e foi viabilizado pelos governos da Alemanha e do Reino Unido.

Nesta segunda-feira, os governadores dos estados amazônicos, que integram o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, divulgaram nota afirmando que pretendem dialogar diretamente com os países, sem a intervenção do Governo Federal.
 
 
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