A guerra é o fracasso do diálogo. Afinal, para que a primeira bomba caia, todas as negociações que deveriam ter sido feitas já foram deixadas de lado. Quando não somos mais capazes de sentarmos à mesa para discutir, ou de encontrarmos um compromisso respeitoso entre as partes de um litígio, isso significa que desistimos um do outro. A triste consequência é a perda de vidas inocentes, a destruição de cidades e de economias e, também, de sonhos.
O conflito entre a Rússia e a Ucrânia está sendo o ponto mais alto da intolerância entre duas nações que têm mais em comum do que imaginam. Por terem perdido a fé no diálogo, povos que remontam da mesma origem se atacam e se ferem como se o que os separa seja maior do que os que os une. Essa guerra, portanto, está sendo a marca registrada de um tempo de extremismos que assola o mundo e que não causa nada além de morte e caos - a chamada “Polarização”.
Enquanto isso, vemos no noticiário imagens de pessoas desesperadas em busca de abrigo, de crianças feridas e de corpos espalhados. Civis, que nunca pegaram em armas antes, foram forçados a se defenderem de quem, até então, era considerado apenas um vizinho, mas que, por decisões arbitrárias, se tornou seu maior inimigo.
É chocante o vídeo que circulou na imprensa de um jovem ucraniano, na Polônia, chorando por não saber se o seu irmão conseguiria cruzar a fronteira para se salvar. Em outro, vemos um pai em prantos ao se despedir da filha e da esposa que fogem para se proteger, enquanto ele fica para trás para lutar, mostrando-nos que a guerra destrói, inclusive, famílias inteiras.
Em uma era de extremismos e de poder bélico, nos fizeram acreditar que a paz não é uma opção, quando, na verdade, ela é mais do que possível. No mundo todo, vemos pessoas que vão às ruas aos milhares para pedirem o fim da guerra, pessoas que creem na solidariedade e empatia. Dessa forma, não podemos deixar de acreditar na capacidade que uma conversa amigável tem de salvar vidas e de transformar o ódio em algo bom. Sem paz não há futuro, não há desenvolvimento. E sem diálogo, como podemos ver, tampouco há paz.