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Para onde vamos? - IV

Agência da Noticia com Redação

23/05/2015 - 10:45

 Num dos artigos desta série citei a completa exaustão do sistema de gestão do Estado brasileiro nos níveis federal, estadual e municipal. O leitor poderá até pensar que isso foi uma construção do acaso. Piorando, piorando e de repente piorou mesmo. Não. Foi estudado. Vamos por partes.

Aquela questão das coligações que matou os partidos e colocou-os pra administrar setores do governo, desviou completamente da sua função primária, a educação por exemplo. Na medida em que um partido aparelhou o Ministério da Educação de porteira fechada, a partir do governo Lula em 2003, a educação deixou de ser uma função de Estado. Passou a ser uma ferramenta de partido político pra ganhar espaços junto a prefeitos, governadores e setores de interesses, como empreiteiras, editoras, fornecedores de materiais, grupos privados de ensino. Daí vem dinheiro, prestígio, apoio e votos.

Gestão após gestão, a educação acabou se confundindo com negócios partidários e com barganhas comerciais. Morreu no seu papel fundamental para a nação. A perda de produtividade do trabalhador brasileiro coloca-o numa das piores posições mundiais. Perdemos a capacidade de competir nos mercados. Por que? Por analfabetismo funcional.

Mas o leitor pensa: está puxando contra a educação. E a saúde? É diferente? Não. Pior. Morreu um sistema de saúde que vinha sendo construído razoavelmente bem depois de 1988. Saúde virou negócio partidário e ferramenta comercial de grupos políticos. A Operação Lava Jato identificou roubalheira pesada na saúde. Falar do setor de infraestrutura dá até dó. "Dormia a nossa pátria-mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações", Chico Buarque de Hollanda já dizia na década de 1980. Não mudou. O país está produzindo, mas não tem como escoar e nem embarcar. Mas os sindicatos controlam os portos e aeroportos. E os partidos controlam os sindicatos.

De outro lado, as relações incestuosas entre o Poder Executivo e o Legislativo destruíram toda a lógica da política brasileira. Construiu um túnel de prostituição entre ambos, com ramificações indecentes com o poder Judiciário. A partir desse aparelhamento de negócios de todo o corpo do Estado brasileiro, o país navega hoje numa tempestade que já passou no resto do mundo.

Aqui ela permanece e permanecerá muito tempo porque produz um discurso muito conveniente para os protagonistas da política. O assunto acaba amanhã.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso. E-mail: onofreribeiro@terra.com.br www.onofreribeiro.com.br
Onofre Ribeiro
 
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