No artigo de ontem recordou-se o comportamento políticos dos líderes messiânicos surgidos a partir de 1950 com a eleição pelo voto direto do ex-ditador de 15 anos, Getúlio Vargas. Também dos seus substitutos até o momento presente. De modo geral, todos os presidentes da República entre 1950 e 2015, exceção do período de 21 anos (1964 e 1985) do regime militar, tivemos líderes messiânicos. São aqueles líderes quase milagreiros, com discursos emotivos e salvadores da pátria.
Em 2015, reeleita, a presidente Dilma Rousseff abriu as portas do país para uma imensa crise moral, que resultou numa crise política e as duas numa enorme crise econômica. Mas não foram só esses os efeitos da aporta aberta por Dilma. O Brasil viu que todos os seus sistemas ligados à gestão pública, começando pela sua errática Constituição Federal construída entre 1987 e 1988, estão fora do eixo. O Brasil é um país fora do eixo. Se está assim, sabemos que não foi construído da noite para o dia. Vem rolando de crise em crise política e econômica faz tempo. Remendos vinham tapando essa realidade.
Agora que se vê o governo de joelhos e o rei nu, a sociedade olha angustiada ao seu redor e se pergunta: quem vai consertar isso? A sociedade pensa em líderes messiânicos para assumirem o papel de salvadores da pátria exaurida. Eles não existem mais. Esta é a triste conclusão.
Que tipo de líder nos salvará? Com os avanços tecnológicos, vê-se claramente que líderes messiânicos já não falam com a massa, mas apenas com pessoas de menor nível cultural e economicamente dependentes. A juventude, que hoje é forte formadora de opinião no país, se comunica por canais da tecnologia nas redes sociais e não aceita comandos de líderes messiânicos. O novo líder terá que sair das bases da sociedade fora dos padrões messiânicos.
Os novos líderes políticos serão aqueles que forem capazes de falar com o maior número de pessoas, capazes de negociar sempre e sem categoria de mando por obediência. Isso se traduz pela organização da sociedade de tal modo que ela construa células de poder popular na forma de associações, grupos, instituições, etc. O novo líder político não precisará do aval dos partidos políticos, porque possui legitimidade de origem. A dolorosa conclusão, é a de que no mundo político que hoje gravita em torno do Estado brasileiro, ainda não surgiram os líderes horizontais de rede. Até lá, caos político. O assunto continua.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.E-mail:onofreribeiro@terra.com.br www.onofreribeiro.com.br