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Sexta-feira, 29 de março de 2024
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Aos 147 anos, 2ª maior cidade de MT convive com obras e caos no trânsito

Várzea Grande faz aniversário com várias obras da Copa em andamento. Historiadora avalia que data deve servir para reflexão de problemas.

 Segunda maior cidade de Mato Grosso em número de habitantes e terceira em volume de arrecadação, Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, vive, de um lado, momento de transformações profundas na área de infraestrutura em consequência da Copa do Mundo, na capital, principalmente por abrigar o Aeroporto Marechal Rondon, maior aeroporto do estado. De outro lado, os várzea-grandenses têm de conviver com os transtornos causados por essas obras de mobilidade urbana e com os buracos que tomam conta das ruas e avenidas. O município que completa 147 anos nesta quinta-feira (15) conta com 262.880 habitantes, conforme o Censo de 2010, e sua economia tem como base o comércio.
Essas mudanças devem alterar completamente o cenário vivenciado pelos moradores há 140 anos, quando a primeira balsa usada para a travessia do Rio Cuiabá era inaugurada, segundo informações disponibilizadas no site da própria prefeitura da cidade. Atualmente, a esperança é percorrer esse trajeto de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), assim que a obra for concluída. A obra de instalação do VLT deveria ter sido inaugurada até a Copa, no mês que vem, mas diante de atrasos só deve ser entregue em 2015.
Por quase 100 anos, só era possível fazer a travessia de balsa, barcos e canoas. Até que na década de 40, a ponte Júlio Müller, entre as regiões do Porto, em Cuiabá, e a Alameda, em Várzea Grande, foi inaugurada. Nessa época, quando Júlio Müller era o interventor do estado, a cidade também passou a ter energia elétrica.
Há poucas fontes de pesquisa sobre a história do município. Na avaliação da historiadora Maildes Sampaio, que mora em Várzea Grande há quase 20 anos, a falta de interesse dos escritores em relatarem a história da cidade é decorrente da sua localização geográfica e da crise que vive a cidade. "Houve pouca evolução e, por isso, há pouco que comemorar, mas o aniversário é uma oportunidade de refletir sobre o que deve e pode ser feito por Várzea Grande", destacou.
Com o desenvolvimento lento e maior oferta de emprego em Cuiabá, cresceu o número de várzea-grandenses que atravessam o Rio Cuiabá diariamente para ir ao trabalho."Várzea Grande se tornou de fato uma 'cidade dormitório'. Apesar de ser entitulada de Cidade Industrial, tem poucas indústrias e se sustenta com os pequenos comércios e serviços prestados às empresas de Cuiabá", avaliou a historiadora. Há alguns anos, Várzea Grande perdeu o posto de segunda cidade com a maior economia do estado para Rondonópolis, a 218 km da capital.
Quem é obrigado a passar pelas ruas e avenidas onde o asfalto colocado um dia já não existe mais reclama da dificuldade em transitar pela cidade. A rotina do morador do Bairro Guarita Renato Sérgio Rondon não é nada fácil, já que, além dos transtornos por causa dos desvios das obras, ele ainda tem de passar por ruas esburacadas nessas vias. A rua da Escola Municipal Manoel João de Arruda, no Bairro Figueirinha, onde o filho dele estuda, por exemplo, está intransitável. "Dou nota zero para a atual situação de Várzea Grande, pois está ruim em tudo. Em segurança e infraestrutura, principalmente", afirmou.
Principal via de ligação entre Várzea Grande e Cuiabá, a Avenida da Feb, assim como a ponte Júlio Müller sobre o Rio Cuiabá, encontram-se em obras e, para conseguir chegar até a capital os motoristas precisam pegar rotas alternativas, sendo que algumas não possuem sinalização.
Por causa do VLT, três grandes obras estão sendo executadas na Cidade Industrial, como é conhecida, sendo dois viadutos e uma trincheira. Um dos viadutos, na frente do Aeroporto Marechal Rondon, será exclusivo para a passagem dos trilhos do VLT. Conforme a Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), o outro viaduto, da Dom Orlando Chaves, cujo elevado cruza a Avenida da Feb, ficará pronto até o mundial.
Várias interdições foram feitas e enormes filas são formadas em alguns trechos durante horários de pico, como ocorre na Avenida 31 de Março. O motorista Felipe Souza conta que a situação é frequente por causa de um semáforo instalado provisoriamente para que, tanto os veículos que trafegam pela Avenida da Feb quanto os que saem da 31 de Março possam ter acesso à Avenida Ulisses Pompeu de Campos. "É lamentável, pois estão fazendo a obra, mas deveriam ter pensado melhor sobre o desvio", reclamou. No local, está sendo construída a trincheira do Zero Quilômetro.
Para o analista político, Alfredo da Mota Menezes, Várzea Grande sempre usufruiu de parte da infraestrutura de Cuiabá, pois não dispõe de nenhum estádio de futebol, shopping, cinema e rodoviária. Mas, apesar de passar por uma fase de abandono do poder público, pois, segundo ele, faltam investimentos, a cidade está crescendo. "Várzea Grande tem uma luz no fim do túnel. Está sendo construído um shopping e terá um estádio com a construção do Centro Oficial de Treinamento (COT) da Barra do Pari", pontuou.
Além disso, ele cita o projeto de construção do campus da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), na localidade conhecida como Chapéu do Sol. As obras de construção do campus devem começar ainda no primeiro semestre deste ano. O projeto prevê a construção de três blocos contendo 24 salas de aula, oito laboratórios, restaurante universitário, biblioteca e setor administrativo. A área tem 100 hectares. Nas proximidades do campus deve ser construído o 1º Parque Tecnológico de Mato Grosso. Os estudos de viabilidade já foram concluídos e estão sob análise do governador Silval Barbosa (PMDB).
Acampamento
O povoamento de Várzea Grande teve início após a instalação do acampamento Couto Magalhães, onde atualmente está localizada a Praça Aquidaban, na Avenida Couto Magalhães, região central da cidade. Naquela época, o brigadeiro José Vieira Couto Magalhães, presidente da Província de Mato Grosso, criou o acampamento para abrigar os paraguaios presos durante a guerra.
 
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