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Sábado, 20 de abril de 2024
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Santa Casa precisa de ajuda para superar grave crise

Hospital quer maior participação do Governo e da sociedade cuiabana

 Com pouco aporte financeiro da Prefeitura de Cuiabá e do Governo do Estado, a Santa Casa de Misericórdia, uma das entidades mais antigas de Cuiabá, luta para se manter economicamente.

Tendo que destinar mais de 60% de seu atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS), e apenas 40% ao privado, o hospital não consegue equilibrar as receitas, já que o valor recebido dos governos é baixo.

De acordo com o presidente da entidade, o médico Antônio Preza, que trabalha há 35 anos na Santa Casa, hoje, dos 230 leitos, 80% são destinados ao SUS.

”Apenas 27 leitos são para a particular e o resto é para o SUS. Esse número é muito cruel para um hospital se manter. Não tem como construir uma ala que pudesse aumentar esse número de leitos da particular”, disse, em entrevista ao MidiaNews.

Para Preza, falta vontade política em ajudar a Santa Casa, que atua na capital desde 1897 e quase fechou as portas no final da década de 90, pelos mesmos problemas financeiros.

“Tinha que haver uma sensibilidade dos poderes públicos em relação a essa entidade filantrópica. Hoje, 70% das entidades filantrópicas do Brasil estão inadimplentes por falta de recurso, porque somos uma entidade que vende serviços a preço muito barato”, disse.

De acordo com o médico, já houve uma reunião com o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), quando a Prefeitura se comprometeu em comprar um número de leitos para dar apoio ao Pronto-Socorro.

“Isso já é uma forma de ajudar a Santa Casa, porque vamos prestar um serviço por um preço melhor, é um pouco mais caro, mas isso é uma coisa que compensa para o hospital financeiramente”, disse o médico.

Agora o objetivo de Preza é procurar o governador Silval Barbosa (PMDB) para que o Executivo estadual se comprometa, de alguma forma, com a entidade.
“Nosso maior problema é em custeio, como folha de pagamento, medicamento, ambulância, investimento em qualificação técnica. Acredito que o Governo poderia abrir um convênio direto conosco, com doação de equipamentos, de leitos, ou até de aporte financeiro, como acontece em outras cidades. Em Campo Grande, o Governo pagava a luz e a comida”, explicou.

“Fizemos um estudo sobre como poderíamos sair da crise, e o resultado foi que deveríamos construir um número de apartamentos e enfermaria para particulares que colocasse esse patamar de leitos em 40% que a lei exige. Mas para isso precisamos de um aporte muito grande”, completou

Maior participação da sociedade

Para o presidente da Santa Casa, falta um maior comprometimento da sociedade com a entidade.

O hospital planeja lançar, nas próximas semanas, a campanha "Adote uma Enfermaria e Faça a Diferença!", na busca de envolver os cuiabanos com a Santa Casa.

“Estamos tentando envolver a sociedade cuiabana com a Santa Casa. Lá temos uma série de voluntários que nos auxiliam, como, por exemplo, o Doutor da Alegria, tem muito voluntariado que cede parte do seu tempo para falar com as crianças, brincar com elas, levam lanches. Queremos que a sociedade se envolva e participe”, disse Preza.

“O problema é que aqui no estado só teve uma campanha boa que pediu auxilio e teve uma grande repercussão, que foi a do Hospital do Câncer. Eles tiveram uma resposta boa e hoje tem um aporte financeiro muito bom, porque houve mobilização. Já a Santa Casa nunca fez um trabalho nesse sentido”.

De acordo com Preza, o hospital busca, também, a ajuda de empresários para que adotem as enfermarias. No total, a Santa Casa possui 40 enfermarias que são todas custeadas pela entidade.

“Vamos fazer uma campanha em cima de custeio de enfermaria e divulgaremos os nomes dos doadores, por exemplo, nomeando com o nome deles as enfermarias. As pessoas irão saber quem está custeando determinada enfermaria. Isso já acontece em grandes hospitais de São Paulo como Einstein e Sírio-libanês”, explicou.

Crise

Em funcionamento há 197 anos, o hospital tenta não entrar em uma crise igual a dos anos 90.

Segundo Preza, há um esforço para tentar manter a Santa Casa funcionando no azul. “A crise não vem de agora, já faz bastante tempo e vem se avolumando, se agravando. É uma situação muito complexa que o hospital passa no momento”.

De acordo com médico, caso a entidade não consiga estabilizar as contas, corre o risco de fechar as portas.

“O recebemos pela venda desses serviços médicos ao governo não está dando para fechar a nossa folha e isso é um grande problema, estar sempre vivendo com dificuldades. É uma ginastica permanente para conseguir manter o hospital funcionando. E isso acaba consumindo quase todo o tempo da direção”.
 
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