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Rotina da destruição

Agência da Notícia com Onofre Ribeiro

16/03/2016 - 15:40

 Esse pesado estágio de desconstrução do Brasil atual não nasceu hoje. Neste momento aperfeiçoou-se muito. Pra sermos honestos, começou na descoberta do Brasil que até hoje ainda se discute se foi por acaso ou se foi premeditado.

Como é que uma colônia descoberta por um país atrasado, como era Portugal na época, daria certo? Dificilmente. Sugiro ao leitor um livro excelente a esse respeito: “Dom Henrique, o Navegador”, do ex-embaixador inglês em Portugal, John Ure.

Tirando a Escola de Sagres, uma espécie de feudo multinacional fora do alcance de mediocridade da corte, no mais Portugal estava 100 atrás da Europa. Como construir na nova colônia algo mais do que uma política extrativista impiedosa?

Recentemente escrevi neste espaço uma série de quatro artigos chamados “As elites brasileiras”, onde pude apontar a construção da colônia, do império e da república no Brasil, sem nenhum compromisso com o futuro.

Tudo nunca passou de uma sequência de fatos construídos pelas circunstâncias, sem qualquer planejamento estratégico. Isso significa dizer que nunca se planejou o país para 50 anos, por exemplo.

Tiro três exceções. Getúlio Vargas com a industrialização em 1950, Juscelino Kubitscheck com Brasília, e os militares que governaram entre 1964 e 1985. Houve bons planos estratégicos que deram qualidade ao país.

Fora esses três exemplos, o que se fez foi obra do dia, de meses e às vezes de alguns anos.

No campo político, o Brasil nunca teve estabilidade efetiva. No máximo 18 anos entre 1946 e 1964 e agora 31 anos entre 1985 e 2016.

Em menos de 100 anos não se constrói uma democracia efetiva baseada em princípios políticos permanentes e sobre uma educação social continuada e o fortalecimento definitivo das instituições.

No Brasil, quando um desses está bem o outro vai mal. Como conseqüência a economia desanda e a sociedade experimenta momentos de euforia e muitos movimentos de empobrecimento financeiro e cidadão.

Quando não se tem um projeto permanente de nação, qualquer aventureiro serve pra governar. Sem rumo, sem projetos, cerca-se de semelhantes igualmente sem destino.

O país suporta essas aventuras, mas enfraquece a chama de nacionalidade e de respeito à democracia por não entendê-la como uma fórmula que lhe traz benefícios.

Exemplo de três aventuras seguidas como agora, nunca mais, porque será castigo bíblico!

Como os sinais são fracos no horizonte, resta perguntar se um terremoto agora resultará na acomodação das placas tectônicas. Penso que não, porque sem projeto a nação nunca será uma nação.

Só um mapa geográfico, um título e a falta de rumos...!

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.
ribeiro.onofre@gmail.com
www.onofreribeiro.com.br
 
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