Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso emitiu uma nota de repúdio contra a eventual contratação do goleiro Bruno Fernandes, de 35 anos, condenado a mais de 20 anos de prisão pelo sequestro, homicídio e ocultação de cadáver da ex-namorada Elizia Samudio, em 2010. Conforme posicionamento, a mensagem que fica subentendida com o interesse do Operário de Várzea Grande pelo feminicida, é de que o feminícidio é tolerado pela sociedade.
Na manhã de hoje (8), o supervisor do clube, André Xela, informou que Bruno já aceitou a proposta para jogar no time de Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá. O salário deve ser o mesmo pago aos demais jogadores, entre R$ 4 mil e R$ 6 mil.
De acordo com André, para a contratação ser concluída, a Justiça de Minas Gerais ainda precisa liberar o ex-goleiro para se mudar. Ele explicou que todo o processo ainda deve demorar cerca de 15 dias até o contrato ser finalizado de fato.
Para o conselho, mesmo tendo cumprido parte da pena pela morte de Eliza e obtido na Justiça progressão de regime para o semiaberto, a gravidade dos crimes cometidos por Bruno requerem que ele seja tratado com "severidade e rigor" e não como "se fosse um ídolo que merece ser disputado por clubes de futebol".
"Trata-se de alguém que demonstrou profundo ódio e total desrespeito às mulheres ao tratar dessa forma cruel e bárbara aquela que seria a mãe do seu filho", diz trecho da nota.
O conselho também leva em consideração que, através do esporte, ídolos são criados e servem de inspiração para crianças e jovens em processo de informação. Os altos índices de violência contra mulheres no Brasil e em Mato Grosso foram destacados como um dos pontos negativos da contratação de um feminicida.