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Sexta-feira, 29 de março de 2024
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Câmera mostra 5 homens deixando famoso em 'rolezinho' no hospital

Morte de Lucas é investigada; ele tinha 56 mil seguidores no faceboo

 Câmeras de segurança do Hospital Alípio Correa Netto, na Zona Leste de São Paulo, mostram ao menos cinco homens deixando o estudante Lucas Lima, de 18 anos, famoso nos "rolezinhos", na porta da unidade no último sábado (5), segundo a polícia.

Segundo um segurança do hospital relatou à polícia, os jovens disseram que iam parar os carros em outro lugar e já retornavam, mas desapareceram. O hospital não registrou os dados do acompanhante.
De acordo com a Polícia Civil, o jovem morreu em decorrência de um traumatismo craniano provocado por um objeto contundente depois de se envolver em briga em um baile funk.

Pelas imagens das câmeras do hospital, segundo policiais do 64º Distrito Policial, a vítima chegou desacordada acompanhada pelos cinco homens que estavam em dois veículos. As imagens não foram divulgadas.

A polícia pretende mostrar as imagens gravadas aos familiares para ver se reconhecem algum dos acompanhantes e fazer a identificação dos suspeitos por meio da placa dos veículos.

Na manhã desta terça-feira (8), o pai da vítima, o motorista Luiz Carlos de Lima, de 63 anos, foi intimado novamente para ser ouvido. A polícia tenta esclarecer quem eram as pessoas que estavam com Lucas e se a briga teria sido motivada por causa de uma garota.

Um cabeleireiro, amigo do pai, que o informou sobre a briga, também foi convocado para prestar depoimento e foi ouvido nesta manhã. Além disso, a polícia intimou uma professora de sociologia do adolescente e tenta localizar um amigo da vítima.
Local do crime
A Rua Terra Brasileira no Morro X, área da periferia da Cidade AE Carvalho, é apontada pela polícia como o local onde Lucas foi morto. A rua tem um campo de futebol de terra onde os moradores da região se reúnem e também costuma ser ponto de encontro de jovens que realizam bailes funks aos finais de semana.

A reportagem do G1 esteve no local e visualizou um pequeno palco montado para as festas, ao lado de um bar, que estava fechado. Segundo moradores do local, lá são montadas as caixas de som durante as festas. Ninguém quis falar com a reportagem sobre a possibilidade de o jovem ter morrido no local.

Ciúme:

Amigos de Lucas afirmam que a morte dele, no sábado (5), foi causada por ciúmes. Os colegas acrescentam que não acreditam que o caso tenha ligação com a participação do jovem em "rolezinhos" em shoppings de São Paulo.
Segundo amigos ouvidos pelo G1, Lucas flertou com uma garota durante um baile e, por causa disso, foi agredido. O rapaz era seguido por 56 mil pessoas no Facebook e frequentava rolezinhos desde o fim de 2013 para se divertir, cantar funk e conhecer pessoas.

Segundo o boletim registrado no 24° Distrito Policial (Ponte Rasa), testemunhas disseram que o adolescente foi agredido com uma pancada na cabeça. Amigos contaram que a agressão ocorreu depois que Lucas, que não tinha namorada, paquerou uma garota, provocando ciúmes em um rapaz que estava próximo dela.

"A gente não tem certeza de nada. Há só boatos, mas o que passaram para a gente lá no velório dele é que ele foi para o fluxo [festa] e, chegando lá, encontrou uma garota que ele foi paquerar", afirmou um amigo que não quis se identificar. A garota estaria com outro jovem. "Só que esse rapaz não era nada dela, mas se doeu. O moleque deu uma voadora na cara dele [Lucas] e ele caiu. Disseram que o menino é lutador de muay thai. Disseram que, quando ele caiu no chão, veio um monte de moleque e começaram a chutar ele", acrescentou o colega.

A menina alvo da disputa seria moradora de Arthur Alvim, na Zona Leste. O rapaz suspeito de agressão teria fugido para a casa de parentes em Porto Alegre.
Segundo o amigo de Lucas, que diz ter conversado com ele na sexta-feira (4), o estudante estava afastado dos rolezinhos. "Ele marcou aquela vez e parece que lhe deu uma dor de cabeça terrível.

Ele chegou a comentar comigo que a polícia disse para ele que teria que pagar multa. Ele falou que nunca mais ia se envolver nessas coisas."
Outro colega de Lucas, o funkeiro MC Chaveirinho disse que a morte dele "não tem nada a ver" com sua participação em eventos. "Está tendo uma abordagem errada. Pelo que estou sabendo do que conversei com os familiares, aconteceu uma briga e ele caiu no chão de cabeça. Não tem nada a ver que espancaram ele", afirmou.

Investigação

Os familiares relataram à polícia que o jovem saiu de casa na sexta-feira (4) dizendo que iria a uma festa e depois dormiria na casa de um irmão. No sábado, por volta das 18h30, o pai do garoto, Luiz Carlos Lima, voltou do trabalho e foi informado por um conhecido sobre a agressão.

No boletim de ocorrência, o pai disse que a família decidiu então buscar informações sobre o filho nos hospitais da região. Funcionários do Hospital Municipal Prof. Dr. Alípio Correa Netto, em Ermelino Matarazzo, na Zona Leste, contaram aos parentes que o garoto já chegou morto ao centro médico.

O pai de Lucas prestou depoimento à polícia na segunda-feira (7). "Quero que a Justiça seja feita, mas revolta não tenho, é um sentimento muito grande", disse. "Neste momento, não tenho palavras [para expressar o que sinto]. Graças a Deus, sou uma pessoa forte para estar confortando todos à minha volta", completou.
Famoso no Facebook
Seguido por 56 mil pessoas no Facebook, Lucas deu entrevista e gravou um vídeo para o G1publicado no dia 15 de janeiro. Após o tumulto ocorrido no início do ano no Shopping Metrô Itaquera, na Zona Leste, ele decidiu se afastar dos rolezinhos. "Não quero cair em cadeia por causa disso", afirmou na época.

Na ocasião, o estudante foi um dos jovens abordados pela Polícia Militar. Apontado como um dos organizadores do encontro, ele foi intimado por um oficial de Justiça, mas negou ter sido o organizador do evento.
"Ele [oficial de Justiça] me disse que, caso acontecesse baderna em um outro 'rolê', eu teria que pagar R$ 10 mil. Não tenho como pagar tudo isso", disse. Por não ter o dinheiro, o jovem temia ser detido se recebesse a multa.

Morador de Itaquera, Lucas vivia com a família em uma casa simples localizada em uma viela a poucas quadras do shopping – um dos lugares mais frequentados por ele. Era no centro de compras que o adolescente gastava dinheiro (acumulado em bicos como auxiliar de pedreiro e estoquista, entre outros) com roupas de marca. Vaidoso, ele gostava de usar roupas da Oakley, Adidas e Polo Ralph Lauren.

Início dos 'rolezinhos'

Os encontros em shoppings começaram como "pancadões", contou Lucas ao G1. Jovens marcavam de se reunir em ruas perto de escolas do bairro para cantar e ouvir funk. Com o interesse e o consequente aumento do número de participantes, eles decidiram se encontrar em lugares maiores. "A gente queria marcar no estacionamento, porque cabe mais gente."

O estudante também lembrava com carinho dos primeiros rolezinhos. "A gente conhecia muitas pessoas, fazia amizades e ficava com as meninas. Em cada um, eu fiquei com umas seis, sete", revelou.
 
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