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Sexta-feira, 29 de março de 2024
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Laudo descarta acidente e revela morte de jovem com tiro frontal a 20 cm do rosto; veja documento

Tiro ocorreu em ''linha reta'' numa altura de 1,44 metro do chão dentro do banheiro

Laudo descarta acidente e revela morte de jovem com tiro frontal a 20 cm do rosto; veja documento

Foto: Reprodução

Laudo pericial elaborado pela  Diretoria Metropolitana de Criminalística da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), já em posse da Polícia Civil, aponta que o tiro que matou a adolescente Isabele Guiramães Ramos, 14 de anos, foi efetuado numa altura de 1,44 metro do chão com alinhamento horizontal e a uma distância de entre 20 e 30 centímetros da face da vítima. O laudo desmente a versão inicial prestada em depoimentos pela garota que efetuou o tiro. 

Ela era amiga da vítima e usou uma pistola calibre 380 da marca Imbel, deixada em sua residência pelo namorado de 16 anos na noite do dia 12 de julho. O homicídio foi praticado dentro de uma mansão no luxuoso Residencial Alphavile I, no bairro Jardim Itália, em Cuiabá. 

O imóvel pertence ao casal Marcelo Martins Cestari, de 46 anos, e Gaby Cestari, pais da menor apontada como a autora do disparo supostamente acidental, na versão dela e dos familiares. Ao prestar os primeiros depoimentos, a menor alegou que a maleta com duas armas teria caído no chão e ela teria abaixado para recolher as armas colocando-as na mesma mão, ocasião em que teria sido feito o disparo de forma acidental.

Agora, o laudo da Politec desmente essa versão inicial. "No ato do disparo, o agente agressor posicionou-se frontalmente em relação à vítima, sustentou a arma a uma altura de 1,44m do piso com alinhamento horizontal e uma distância entre 20 e 30 centímetros da face da vítima. O motivo e a finalidade da ação não foram determinados pela perícia", diz trecho do Laudo que FOLHAMAX teve acesso.

O documento foi entregue à Delegacia Especializada do Adolescente (DEA) nesta segunda-feira (11), um dia antes de completar 30 dias do crime. O laudo também descarta a possibilidade de o tiro ter sido disparado sem a adolescente ter puxado o gatilho. 

GATILHO ACIONADO

Anteriormente, chegou a ser cogitada essa hipótese, sob argumento de que a arma tinha sido adaptada para a prática de tiro esportivo de modo que o gatilho havia ficado "mais leve" para ser acionado. "Diante do exposto, o perito conclui que se trata de uma morte violenta causada pelo disparo de arma de fogo contra região da face da vítima Isabele Guimarães Ramos por terceiro, que resultou no óbito da vítima O disparo foi executado mediante o acionamento regular do gatilho da pistola IMBEL (nº HGA 44564) com o atirador na porção esquerda do banheiro".

PERGUNTAS EM ABERTO E ACUSAÇÕES

A morte de Isabele é cercada de contradições e perguntas ainda sem resposta que agora começam a ser esclarecidas com a conclusão dos laudos que subsidiam os dois inquéritos em andamento na DEA sob o delegado Francisco Kunze Júnior e na Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Cuiabá (Deddica), presidido pelo delegado Wagner Bassi. 

Até o momento, as investigações e depoimentos de dezenas de pessoas, que vão de testemunhas que estavam no imóvel na noite do crime, até vizinhos e profissionais médicos que lá estiveram para atender a ocorrência, mostram que na residência da família Cestari era comum a presença de armas de fogo, deixadas, inclusive, em locais visíveis a qualquer pessoa que frequentasse a casa. 

O homicídio também gerou denúncias e suspeitas de possível "alteração e limpeza" da cena do crime antes da chegada das equipes da Perícia Oficial do Estado. A empresária Patrícia Hellen Guimarães Ramos, mãe de Isabele, já acionou o Ministério Público pedindo que seja instaurada investigação contra contra o sargento da Polícia Militar, Fernando Raphael Pereira Oliveira - presidente da Federação de Tiros de Mato Grosso -, os investigadores da Polícia Civil, Leandro Livinali Ecco e Mário José Leite dos Santos e ainda o delegado da PJC, Olímpio da Cunha Fernandes Júnior.

Eles são suspeitos de terem ido ao local imbuídos de interesses particulares, mas valendo-se da condição de policial, alguns inclusive com veículos oficiais, para darem apoio a Marcelo Cestari e "intimidarem" testemunhas.
 
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