Mato Grosso

Sexta-feira, 29 de março de 2024
informe o texto

Notícias Polícia

Empresário de MT alega que não participou de licitação suspeita de fraude no DF

Gryone Marana Cardoso disse que enviou e-mail fora do prazo e não concorreu no certame

Empresário de MT alega que não participou de licitação suspeita de fraude no DF

Foto: Reprodução

Proprietário de uma das empresas investigadas pela Operação Falso Negativo, deflagrada na última terça-feira (25), o advogado Gryone Marana Cardoso criticou a “espetacularidade” das diligências realizadas na última segunda-feira (25) pelo Ministério Público do Distrito Federal.  Em entrevista ao FOLHAMAX, o advogado esclareceu que sua empresa, a Marana Service, foi atrelada às supostas fraudes na compras de testes de Covid pelo Distrito Federal através de uma proposta licitatória que sequer foi celebrada. 

Segundo ele, houve o interesse por parte de sua empresa de participar da licitação no Distrito Federal. Contudo, enviou o e-mail com a proposta após o prazo final, o que significa que sequer participou do certame investigado. “Os investigadores utilizaram de um e-mail de uma proposta que foi enviada. Jogaram nosso nome na lama. Não tenho nada a esconder, isso foi uma violência moral porque o que estávamos fazendo não era uma coisa ilegal. Se mandassem um oficial de justiça pedindo o material que eles precisavam eu entregaria”, explicou.As declarações ocorrem após o Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) cumprir mandado de busca e apreensão de documentos no antigo escritório de Marana, numa sala comercial no 5º andar do edifício comercial Maruanã, na avenida do CPA.

Gryone explicou que a entrada na concorrência das licitações foi impulsionada com a ajuda de empresários cuiabanos que iriam financiar a compra dos testes para, posteriormente, serem revendidos.

Segundo ele, a empresa havia sido regularizada para participar dos processos licitatório e inclusive recebeu a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Explicou também que, em abril, chegou a vencer um certame para atender o Distrito Sanitário de Cuiabá, no entanto, o contrato foi cancelado após seus fornecedores alegarem que não poderiam fornecer os testes de Covid-19. 

“A gente foi e fez uma proposta para esse órgão [Distrito Sanitário de Cuiabá] e saímos vencedores. Recebemos um contrato para poder entregar 5 mil unidades dos testes. Após isso, o fornecedor avisou que não tinha mais os testes e nós solicitamos o cancelamento, que inclusive foi publicado no Diário Oficial”, colocou, ao reforçar que não foi cometida nenhuma irregularidade.

Na manhã de terça, os agentes da Gaeco encontraram o escritório de Gryone vazio. O advgado explicou que saiu do local após romper a sociedade com o escritório de advocacia onde ocupava a sala. Segundo ele, o Gaeco foi até o espaço porque o endereço ainda não havia sido descompatibilizado dos registros da Marana Service.

“Eu não tinha feito a alteração contratual e tirado o endereço comercial que foi colocado lá. O endereço do escritório só era utilizado para os efeitos fiscais”, explicou.

Por fim, o advogado esclareceu ainda que colaborou com os investigadores e que aguarda a conclusão do inquérito para tomar as devidas providências. “Depois que sair o resultado disso eu vou tomar as devidas providências contra o governo do Distrito Federal”, concluiu. 

FALSO NEGATIVO 2

A segunda fase da operação “Falso Negativo” apura prejuízo milionário ao erário, causado em razão de superfaturamento dos produtos adquiridos pela SES/DF. São objeto de investigação duas dispensas de licitação. Na primeira, cuja vencedora foi a empresa Luna Park Brinquedos, identificou-se o superfaturamento de 146,57% no comparativo com preços ofertados pelas demais concorrentes. Já em relação à segunda dispensa de licitação, a empresa vencedora, Biomega Medicina Diagnóstica, apresentou preço que indica superfaturamento de 42,75% nas aquisições de testes. Neste caso, a empresa vendeu os testes a R$ 125,00 a unidade para a SES/DF, enquanto outros órgãos pagaram, pelo mesmo produto, o valor de R$ 18,00. O prejuízo decorrente do superfaturamento é superior a R$ 18 milhões, valor que permitiria a compra de mais de 900 mil testes rápidos.

Com a colaboração de mais de 500 servidores públicos engajados no combate à corrupção aos cofres públicos da saúde, foram cumpridos, no decorrer do dia, seis mandados de prisão e 44 mandados de busca e apreensão nas cidades de Brasília (DF), Goiânia (GO), Aparecida de Goiânia (GO), São Paulo (SP), Barueri (SP), Santana de Parnaíba (SP), Santos (SP), Florianópolis (SC), Palhoça (SC), Porto Alegre (RS), Cuiabá (MT), Nova Mutum (MT), Cachoeiro de Itapemirim (ES), Salvador (BA), Feira de Santana (BA), Rio de Janeiro (RJ). As medidas foram conduzidas pela Assessoria Criminal e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com apoio Centro de Produção, Análise, Difusão e Segurança da Informação (CI/MPDFT), da Coordenadoria de Segurança e Inteligência do MPRJ (CSI); do Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça do MPRJ (Gaocrim) e dos Gaecos do MPSP, MPES, MPBA, MPGO, MPSC, MPMT e MPRS. Apoiaram, ainda, a Secretaria de Segurança Institucional do Ministério Público do Trabalho e a Secretaria de Segurança Institucional do Ministério Público Federal.

As ordens judiciais foram expedidas pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) e são resultado de investigação exclusiva do MPDFT, que apura suspeitas de crimes cometidos por servidores do alto escalão da Secretaria de Saúde do DF, dentre os quais, organização criminosa, fraude à licitação, lavagem de dinheiro, contra ordem econômica (cartel), corrupção ativa e passiva, todos estes crimes praticadas no curso de dispensas de licitação destinadas à compra de testes para detecção da Covid-19.
 
Sitevip Internet
Fale conosco via WhatsApp